domingo, 14 de abril de 2013

Ouro de Tolo


OURO DE TOLO
 
Raul Seixas dizia, com uma sabedoria cortante, em sua bela letra ‘Ouro de Tolo’:
“É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...
E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...”
É difícil dizer qualquer coisa de útil depois das palavras do velho Raul. Mesmo assim, vou cometer tal atrevimento.
Todos nós sabemos que somos limitados, falíveis e mortais. Mas muitos de nós nos esquecemos disso e nos comportamos, pelo contrário, como se fôssemos ilimitados, infalíveis e imortais. Enfim, nos achamos perfeitos.
E para reforçarmos nossa iludida perfeição, atacamos os supostos defeitos dos outros de forma implacável:
“Ele é careca”
“Ela fala tudo errado”
“Ela chega atrasada”
“Ele usa meias coloridas e, portanto, é viado”
Ele é ruim de serviço
Etc e tal
Mas não somos capazes de ver as nossas fraquezas, limitações e falhas. Nunca olhamos nosso espelho com a sinceridade que julgamos.
Jesus, com mais sabedoria ainda, disse: “Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu?” Mateus 7,3.
Perdemos tanto de nosso precioso tempo procurando defeitos nos outros. Seria muito mais útil se usássemos esse mesmo tempo para procurar os nossos defeitos e tentarmos acabar com eles.
Diz a lenda que César, grande imperador de Roma, quando voltava de suas vitoriosas campanhas militares, sempre desfilava pelas ruas de Roma para ser aplaudido pelo povo. Era o seu grande momento de glória. Mesmo assim, para evitar os perigos da vaidade exagerada, tinha consigo sempre um criado que ficava soprando aos seus ouvidos: você venceu, mas você é careca, é feio e vai morrer.
Não temos como saber se isso é verdade, mas como seria bom se tivéssemos, também, alguém parar falar assim com a gente, para que a gente entenda que não somos perfeitos e que da mesma forma ninguém pode ser. Perfeito, só Deus. Só Deus...
A vaidade é ouro de tolo. Não tem valor algum. Não é boa, nem verdadeira, nem justa. A vaidade nos vence por dentro.
Vamos nos preocupar com a vida e com o que ela tem de bom.
O resto é só ouro de tolo...

2 comentários:

  1. Ei amigo, está com a corda toda. Bom para todos!
    Parabéns, vá em frente com seus delírios literários, que tão bem nos faz. abraços, RéBahia

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  2. é, temos muito em comum.
    tb escrevi sobre o ouro de tolo:
    http://giovaniiemini.blogspot.com.br/2009/11/ouro-de-tolo.html

    []s

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