domingo, 1 de agosto de 2021

Rebeca do Brasil


Eu não entendo nada de ginástica artística. Mas parei na frente da TV e torci, chorei e vibrei com as medalhas de prata e de ouro da Rebeca Andrade, a primeira brasileira medalhista em jogos olímpicos.

Rebeca é negra, pobre e da periferia. Filha de uma doméstica, a menina tem sete irmãos e pai ausente. Ela começou num projeto social e veio lá de baixo, com todas as dificuldades possíveis. Mas essa menina não tem só talento, tem muita garra. Mesmo lutando contra as adversidades e as lesões, que a levaram a fazer três cirurgias no joelho, conquistou o mundo. 

Sei muito bem como é vir de baixo e ter que vencer na vida. Sei muito bem como é ganhar nãos da vida desde pequeno e ter que lutar todos os dias para conquistar vitórias, contra tudo e contra todos. Sei bem como é a dor e o sabor da luta. No seu perfil no Instagram está lá para todo mundo ver: “não coloque limites em seus sonhos, coloque fé”. 

Eu não me canso de ver a menina Rebeca no salto, nas barras assimétricas, na trave e, principalmente, o seu baile da favela no solo. Elegância, força, flexibilidade, equilíbrio, leveza e uma firmeza no olhar capazes de deixar para trás o favoritismo de russas, chinesas e japonesas, para colocar o Brasil no pódio olímpico.

Rebeca é toda Brasil. É o Brasil na cor, no sorriso, na vibração, na ginga, na perseverança e na luta. É o Brasil que, apesar de tudo, levanta a cabeça, luta, persiste e vence. Rebeca é o Brasil todinho. É o Brasil que me dá alegria, esperança e orgulho.